De uns anos pra cá, eu tenho odiado algumas palavras como produtividade, metodologia ágil e rendimento. Claro, por experiências próprias. Mas, no primeiro semestre deste ano, enquanto eu fazia uma jornada cansativa de no mínimo 12h todos os dias da semana, eu ficava me questionando se o que eu queria pra minha vida agora era mesmo esse cenário. Afinal, eu já sei que não vou ficar milionária e nem quero; o que eu quero mesmo como riqueza é ter meu próprio tempo também pra mim.
E isso me fez questionar e mudar toda a estrutura da minha vida. Virou a minha missão. Lembro que era tanta cobrança em ser produtiva e entregar tantas demandas que eu estava quase me sentindo um robô. Teve momentos em que ficava imaginando qual enfermidade eu poderia ter para me parar, talvez um surto e uns dias numa clínica, pedra nos rins me dariam dias de descanso. Mas aí, como uma pessoa que faz terapia, fiquei me perguntando o quanto eu era responsável por estar nessa situação e o que eu poderia fazer pra sair dela.
Meses depois, quando troquei de trabalho, onde eu conseguia ter a mesma verba financeira e menos horas de trabalho, bem menos, eu fiquei dias e dias vivendo no automático, fazendo tudo correndo, até falar pra mim mesma: “calma, agora você tem tempo”. E essa frase foi repetida muitas vezes.
O fato é que sim, é muito bom ser produtiva, porque sua vida precisa andar, suas pendências e seus trabalhos. Mas é importante demais que você seja produtiva, não para ser mais produtiva, mas para ter tempo de ser improdutiva. Para ter tempo de começar um novo hobby, pintar, cerâmica fria, cozinhar, ver série, ler um livro, andar ao ar livre e ver a vida acontecer além dos parâmetros financeiros. Já parou pra pensar que estamos sempre programados para “vencer” e basicamente esquecemos de viver a vida hoje, mesmo só tendo a garantia de que você só terá a vida agora?
O que você faz para viver o agora, miga?